Mídia:
Inimiga ou Aliada das Pessoa com Deficiência?
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Vivemos um momento complexo no que diz respeito à participação social das pessoas com deficiência. Por um lado, temos uma legislação específica avançada e o envolvimento cada vez maior do Ministério Público.
Mídia: Inimiga ou Aliada das Pessoa com
Deficiência?
Por outro, ainda
encontramos no cotidiano atitudes preconceituosas e práticas discriminatórias
que preservam e reproduzem concepções antigas e errôneas sobre as deficiências
em diversas esferas sociais.
Hoje, após 30 anos da proclamação, pela Organização das Nações Unidas (ONU), do “Ano Internacional da Pessoa com deficiência”, esta é a contradição enfrentada pela maioria desse segmento no Brasil.
Ao mesmo tempo, tem sido cada vez maior o número de pessoas com deficiência e de organizações da sociedade civil que buscam, com diversas práticas e ações, tanto o cumprimento dos direitos conquistados nas últimas décadas como, também, uma reflexão mais profunda e eficaz em toda a comunidade acerca da diversidade humana.
Nesse contexto, a
mídia é considerada, por muitos especialistas e representantes das pessoas com
deficiência, uma grande aliada para a inclusão social, na medida em que esta
pode exercer um duplo papel importante: fiscalizar o poder público em relação
ao cumprimento das leis específicas e conscientizar a comunidade com
informações que combatem atitudes preconceituosa
No entanto, a maioria dos meios de comunicação de
massa foca suas reportagens e programas nas pessoas com deficiência e não nas
causas sociais da desigualdade e da discriminação – como nos obstáculos
arquitetônicos, na péssima qualidade da educação básica, da reabilitação e da
saúde preventiva e, sobretudo, na desinformação da população em relação ao
tema.
Além disso, muitos profissionais dessa área ainda colocam as pessoas com deficiência como “heróis” ou “coitadinhos”. Dessa maneira, colaboram para a manutenção de estereótipos e estigmas construídos historicamente e cristalizados no senso comum que prejudicam as relações sociais entre as diferenças (inclusive utilizando termos como “especiais”, “vítimas”, “superação”, “sofrimento” etc.).
Além disso, muitos profissionais dessa área ainda colocam as pessoas com deficiência como “heróis” ou “coitadinhos”. Dessa maneira, colaboram para a manutenção de estereótipos e estigmas construídos historicamente e cristalizados no senso comum que prejudicam as relações sociais entre as diferenças (inclusive utilizando termos como “especiais”, “vítimas”, “superação”, “sofrimento” etc.).
Assim, alguns assuntos como a acessibilidade, as
características da síndrome de Down, da baixa visão e do autismo e a importância
da Língua de Sinais Brasileira poderiam ser melhor trabalhados pelos jornais,
emissoras de rádio e televisão e outros tipos de mídia.
Mais ainda, esse campo de atuação poderia tanto
inserir as pessoas com deficiência nos temas da vida cotidiana (ex: entrevistar
um jovem com deficiência para uma matéria sobre juventude) como, também,
incluir os interesses desse grupo nos debates mais amplos (ex: pautar a
educação inclusiva nas discussões sobre a qualidade da educação em geral).
Portanto, a mídia
só vai ser uma aliada concreta das pessoas com deficiência quando mostrar para
todos que essa questão – o convívio entre as diferenças – exige uma
responsabilidade de todos.
O que esse grupo espera dos meios de comunicação de massa (e de outros setores da sociedade) é uma boa utilização das datas comemorativas relacionadas às pessoas com deficiência, mas, sobretudo, respeito e dignidade em todos os dias do ano.
Fonte: * Manoel Negraes, cientista social, 32 anos. Trabalha na área de Mobilização Social da Unilehu – Universidade Livre para a Eficiência Humana (manoel@unilehu.com.br) e no projeto Minuto da Inclusão do MID – Comunicação e Cidadania (manoel.mid@gmail.com).
INFORMATIVO: https://www.territoriodeficiente.com/2019/01/midia-inimiga-ou-aliada-das-pessoas-com-deficiencia.html
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