Especialistas recomendam suplementação alimentar para síndrome de Down
Norm Schwarcz é médico
especializado em Medicina Funcional Integrativa, com experiência no tratamento
de crianças e adultos com síndrome de Down ou problemas médicos crônicos.
Kent MacLeod é farmacêutico
clínico e especializou-se em suplementação alimentar e nutrição ortomolecular
de pessoas com síndrome de Down, Autismo e outros transtornos do
desenvolvimento.
Nossa representante no evento,
Christiane Aquino Bonomo – Cofundadora e Conselheira do Movimento Down –
participou das palestras de ambos especialistas e relata abaixo o que foi dito.
Os dois trataram de epigenética e o impacto da suplementação alimentar no
desenvolvimento e na saúde de pessoas com síndrome de Down.
A epigenética é o estudo das
alterações da expressão dos genes adquiridas por um organismo vivo ao longo de
sua vida que, apesar de não alterarem a sequência do DNA, são transmitidas para
as gerações seguintes.
Estudos indicam que essas
variações podem ser causadas por fatores externos, como mudanças químicas
influenciadas pela alimentação, por exemplo.
O Movimento Down lembra que,
antes de se introduzir qualquer suplementação na rotina dos indivíduos com
síndrome de Down, é necessário consultar um médico.
Epigenética
e suplementação alimentar – por Christiane Aquino Bonomo
“A terra é plana”. “Mulheres não
têm cognição suficiente para votar”. “Não se pode tratar a síndrome de Down”. O
Dr. Norm Schwarcz abriu sua palestra com essas afirmações e lembrou que elas já
foram consideradas verdades científicas por muito tempo.
Hoje, especialistas defendem que,
além de estimulação precoce, educação em escola regular e convivência em
sociedade, também a epigenética pode ser uma grande aliada na melhoria da
saúde, da cognição e da qualidade de vida de pessoas com síndrome de Down.
A epigenética aplicada à síndrome
configura-se no uso de suplementação (vitaminas, sais minerais e outros
nutrientes) para melhorar desequilíbrios bioquímicos relacionados à terceira
cópia do cromossomo 21 e, por meio dessa intervenção (TNI – Target Nutrition
Intervention), mudar a expressão de certos genes do cromossomo 21.
Segundo os especialistas, a
deficiência de minerais e vitaminas em pessoas com Down tem sido verificada em
diversos estudos clínicos.
A deficiência de certos folatos,
por exemplo, pode alterar a metilação (ciclo SAM) em pessoas com a síndrome,
causando desequilíbrios celulares significativos. Além disso, um dos genes da
terceira cópia do cromossomo 21 é responsável pela oxidação excessiva das
células por meio da peroxidase (SOD) das células desses indivíduos. Acredita-se
que esse estresse oxidativo, como também é chamado, pode ser um dos fatores a
causar a hipotonia, comum em pessoas com síndrome de Down.
Para combater a superoxidação e o
desequilíbrio da metilação, uma alimentação saudável e rica em antioxidantes é
importante, mas ainda não é suficiente para combater, de maneira, efetiva, os
danos causados, de acordo com Kent McLoed. Por isso, ele recomenda o uso de
suplementação através de fórmulas e vitaminas que prescreve a seus pacientes.
Estudos apontam também que
sintomas que atrapalham o aprendizado, e que são relatados por muitos pais
(como o ranger de dentes), são causados pela falta de certos minerais –
normalmente magnésio, zinco ou orotato de lítio – no organismo de indivíduos
com a trissomia.
Os dois especialistas defendem
que é importante realizar exame de sangue pelo menos uma vez por ano para rever
os níveis de vitaminas, minerais e nutrientes. Afirmam ainda que, para o
tratamento correto, os níveis de certos nutrientes devem ser ingeridos em
níveis bem acima do normal para a população comum, sobretudo vitamina C,
vitamina E, zinco, selênio, magnésio, ômegas e colina (parte do complexo B de
vitaminas).
Abaixo, seguem os testes
recomendados pelo Dr. Schwarcz para análise das reações bioquímicas e do nível
de determinados nutrientes em pessoas com síndrome de Down.
Para avaliar como será aplicada a
suplementação inicial:
- Ácido Úrico
- Ácidos graxos essenciais
- Ácidos orgânicos
- Aminoácidos
- Amônia
- Análise de fezes
- CBC
- Cobre/zinco
- Doença celíaca
- Ferritina
- Ferro / capacidade de ligação de ferro
- Função imune
- Iodo
- Marcadores do estresse oxidativo
- Metais pesados
- Painel Lipídico
- Selênio
- Temperatura corporal basal
- Tireoide: T3 e T4 Livres, T3 Reverso / anticorpos anti-TPO
- Vitaminas A e D
Para avaliar o nível de estresse
oxidativo do paciente e adequar a quantidade e o tipo de antioxidantes:
- 8-OH Desoxiguanosina – produto
específico do dano oxidativo do DNA
- Glutationa reduzida
- HDL/LDL oxidados
- Isoprostano urinária
- MDA-Dialdeído Malônico (urina)
- Peróxidos lipídicos
Os suplementos mais recomendados
durante a conferência foram:
Curcumin: potente
antioxidante, antimicrobial, modulador de proteínas e ativador de neurogênese
(criação de neurônios) por meio do aumento da serotonina e do fator
neurotrófico derivado do cérebro (BDNF).
Ômegas: apoiam a reprodução celular em áreas importantes do cérebro, como o
hipocampo.
EGCG – chá verde: inibe a expressão triplicada do gene DYRK1A, responsável por causar
parte da deficiência cognitiva de pessoas com síndrome de Down. Os primeiros
testes em humanos foram realizados pela Jerome Lejeune Foundation e liderado
pela Professora Mara Dierssen, com resultados muito positivos.
Phosphatyl-choline (PC): é um fosfolipídeo construtor de células cerebrais com benefícios
cognitivos/neurológicos verificados não somente em pessoas com síndrome de
Down, como também Parkinson e Autismo.
Palestras
completas:
Fonte: http://www.movimentodown.org.br/2014/08/especialistas-recomendam-suplementacao-alimentar-para-sindrome-de-down/