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Resuno:
Resumo do artigo: "O falar sozinho dos adultos com síndrome de
Down", de D. McGuire, B. Chicoine e E. Greenbaum
Temos ouvido repetidas vezes que os adultos com Síndrome de Down falam sozinhos
consigo mesmo: um tipo de solilóquio. Às vezes as informações dos pais e
pessoas que cuidam deles, refletem uma preocupação séria ante o temor de que
esta conduta "não seja normal" e seja sintomática de outros problemas
sérios psicológicos. Agora, você também não fala consigo mesmo? Todos nós o
fazemos em diversos momentos e em situações distintas.Nós temos avaliado e
examinado as histórias de mais de 500 adultos com SD. As nossas fichas indicam
que 81% mantêm conversas sozinhas consigo mesmo ou com companheiros
imaginários. Para alguns pais e pessoas que cuidam deles, conforta saber que
"quase todas as pessoas com SD o fazem". Mas o conteúdo das
conversas, sua freqüência, o tom e o contexto em que se realizam são
importantes para determinar se é indicada uma intervenção. As famílias e
responsáveis devem compreender que o falar sozinho é normal e também útil.
Desempenha um papel importante no desenrolar cognitivo de todas as crianças. Os
ajuda a coordenar suas ações e pensamentos, e parece ser um instrumento
importante para aprender novas habilidades e para alcançar níveis superiores em
seu pensamento. Pouco a pouco o uso do solilóquio vai se interiorizando
progressivamente com a idade. Conforme este costume vai se transformando num
pensamento de nível superior, a criança começa a pensar em vez de falar as
diretrizes de sua conduta. A experiência sugere que os adultos continuam
falando consigo mesmo em voz alta quando estão sozinhos e enfrentam tarefas
novas e dificuldades. Mas como são mais sensíveis ao contexto social e não
desejam que outros escutem suas conversas particulares consigo mesmo, se inibem
mais e isso faz com que o seu solilóquio se observe com menos freqüência. Nos parece
que o solilóquio tem o mesmo propósito útil para guiar a conduta dos adultos
com SD. As dificuldades para pensar e falar que estes adultos têm podem
contribuir para que persista esta prevalência alta de solilóquio audível. Ao
ter dificuldade para discernir entre o que se supõe que seja particular e o que
se considera "socialmente correto", resulta em que os solilóquios
sejam facilmente detectáveis mais freqüentemente. Mas também mostram a
sensibilidade da natureza particular de seus solilóquios. Os pais e pessoas que
cuidam deles contam que o solilóquio se dá atrás de portas fechadas ou em
situações em que acreditam estar sozinhos. Temos comprovado que muitos adultos
com SD recorrem a falar sozinhos para ventilar os seus sentimentos, por
exemplo, de tristeza ou frustração. Pensam em voz alta para processar os
sucessos de sua vida diária. Isto é porque as suas dificuldades de linguagem ou
cognitivas inibem a sua comunicação. Indicam freqüentemente que a quantidade e
intensidade de solilóquios refletem o número e intensidade emocional dos
acontecimentos da vida diária. Para as crianças, os adultos e anciãos com SD o
falar sozinho pode ser o único entretenimento de que se dispõem quando estão
sozinhos durante longos períodos de tempo. Por exemplo, uma mãe contou que sua
filha Mary passava horas em seu quarto falando com seus amigos imaginários
quando tiveram que se mudar para uma residência nova. Uma vez que a Mary
começou a participar de atividades sociais de trabalho em seu novo bairro, já
não tinha tempo nem a necessidade de falar com tanta freqüência com seus amigos
imaginários. Isso nos anima a insistir na necessidade de assegurar que os
adultos e anciãos com SD sigam tendo amizades, atividades e objetivos para que
não fiquem em casa sozinhos por longos períodos de tempo; isso deve ser feito e
programado desde que são jovens. O nosso melhor conselho sobre quando se deve
preocupar, é prestar atenção às mudanças na freqüência, no conteúdo e contexto
do solilóquio. Quando o falar sozinho é dominado por comentários negativos e
desfavoráveis de si mesmos, pode se recomendar uma intervenção. Se a freqüência
do solilóquio aumenta marcadamente, ou muda seu tom (vozes cada vez mais altas,
tom ameaçador) podem ser sinais de que se está desenrolando algum problema (por
exemplo, depressão ou um problema em seu trabalho) que exigem intervenção.
Apesar disso, a nossa experiência demonstra que o solilóquio ajuda os jovens e
adultos com SD a resolver seus problemas, a ventilar seus sentimentos e
entreter-se, e lidar com os acontecimentos de sua vida cotidiana, não devendo
ser considerado como um problema de saúde menta